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Universidade Federal do Ceará
Mestrado em Ciências Cardiovasculares

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Lato sensu vs. stricto sensu

Qual a diferença entre lato sensu e stricto sensu?

A expressão em latim “lato sensu” significa sentido amplo. A pós-graduação lato sensu compreende cursos de especialização (como a residência médica) e MBA (Master Business Administration). Segundo o artigo 1º da Resolução CNE/CES N. 1, de 6 de abril de 2018, do Ministério da Educação (MEC), “os cursos de pós-graduação lato sensu denominados cursos de especialização são programas de nível superior, de educação continuada, com os objetivos de complementar a formação acadêmica, atualizar, incorporar competências técnicas e desenvolver novos perfis profissionais, com vistas ao aprimoramento da atuação no mundo do trabalho e ao atendimento de demandas por profissionais tecnicamente mais qualificados para o setor público, as empresas e as organizações do terceiro setor, tendo em vista o desenvolvimento do país”. Essa modalidade de pós-graduação é oferecida por instituições de ensino superior ou entidades credenciadas pelo MEC para atuarem nesse nível educacional. Após a conclusão de todos os critérios previsto no projeto pedagógico, o aluno recebe um certificado de conclusão de curso.

A modalidade stricto sensu (sentido estrito em latim), por sua vez, engloba os cursos de mestrado e doutorado. Os cursos stricto sensu estão sujeitos às exigências de autorização, reconhecimento e renovação periódica de autorização de funcionamento pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Os cursos de mestrado e doutorado são orientados ao desenvolvimento da produção intelectual comprometida com o avanço do conhecimento e de suas interfaces com o bem econômico, a cultura, a inclusão social e o bem-estar da sociedade (Resolução CNE/CES N. 7, de 11 de dezembro de 2017). Durante o curso de mestrado acadêmico ou doutorado, o aluno deve desenvolver um projeto de pesquisa sobre determinado assunto que, ao final, será apresentado na forma de dissertação (mestrado) ou tese (doutorado). Os cursos de mestrado e doutorado tem em geral duração de 2 e 4 anos, respectivamente. Ao cumprir todas as exigências, inclusive a proficiência em língua estrangeira, o aluno aprovado na defesa de dissertação ou tese recebe um diploma.

O Mestrado em Ciências Cardiovasculares da UFC se enquadra na modalidade stricto sensu. A criação do PPGCardio foi recomendada na 179ª Reunião do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior da CAPES, divulgado em 08 de outubro de 2018. Os projetos de pesquisa coordenados pelo corpo docente do PPGCardio contemplam estudos em “Fisiologia do sistema cardiovascular e do equilíbrio hidroeletrolítico”, “Farmacologia do sistema cardiovascular”, “Epidemiologia e manifestações clínicas das doenças cardiovasculares” e “Fisioterapia cardiovascular aplicada”. A matriz curricular do PPGCardio abrange um conjunto de disciplinas, obrigatórias e optativas, cuja integralização (no mínimo 24 créditos) faz parte dos requisitos necessários à obtenção do diploma de mestre. Ainda, o discente deverá ser aprovado nas seguintes atividades: proficiência em língua inglesa, estágio de docência, exame de qualificação e defesa de dissertação.


DEPOIMENTOS

Profa. Dra. Camila Ferreira Leite

“Sou Camila Ferreira Leite, docente do programa de Pós Graduação em Ciências Cardiovasculares e, através deste breve depoimento, resumo minha trajetória da Graduação aos dias atuais, na intenção de ilustrar minhas intenções trilhadas em cada etapa da minha formação na pós graduação lato e stricto sensu.

Pois bem, em dezembro de 2003 concluí minha graduação em Fisioterapia na UNESP (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita) e em fevereiro de 2004, iniciei-me no programa de aprimoramento profissional da USP de Ribeirão Preto (lato sensu), na área de Fisioterapia Cardiorrespiratória. Este programa de aprimoramento contou com carga horária prática (1802 horas) e teórica (360 horas), ou seja, um programa que oportunizou uma vivência prática intensa, e “abriu portas” para o mercado de trabalho. Fui fisioterapeuta em três hospitais da cidade de Campinas/SP e asseguro que formação lato sensu me oportunizou mais experiência e conhecimento para a atuação assistencial.

Em um dos hospitais que trabalhava, tive a oportunidade de conhecer o cirurgião torácico, professor da Unicamp, Dr Ricardo Kalaf Mussi. Ele foi meu orientador de Mestrado na Unicamp, no Programa de Pós Graduação em Ciências (área de concentração Fisiopatologia Cirúrgica), e vivenciei aí minha primeira oportunidade na pesquisa experimental, estudando a resposta inflamatória resultante de procedimentos isolados envolvidos na cirurgia torácica, especificamente a ventilação mono-pulmonar. Como parte do programa, em sala de aula frequentei as disciplinas de Bioestatística, Metodologia de Ensino e Pesquisa, Pedagogia Médica e Didática Especial e Farmacologia do músculo liso e da resposta inflamatória, somando assim os créditos necessários ao Mestrado. Durante todo o processo de coleta de dados, meus experimentos foram conduzidos no Departamento de Farmacologia da Unicamp, tendo a generosa e imprescindível colaboração do prof. Dr. Edson Antunes. Destaco que no período do Mestrado, meu foco de atuação não era mais assistencial, e sim acadêmico. E isso justifica meu ingresso no programa de Mestrado Acadêmico.

No último ano do meu mestrado, já tinha todos os dados coletados e finalizei a minha dissertação na Alemanha, na cidade de Munique, fazendo pesquisa na Ludwig Maximilian Universität. Fui muito bem recebida pelo professor Fritz Krombach e tive a oportunidade de participar em algumas pesquisas que investigavam a resposta inflamatória decorrente do uso de nanopartículas, materiais promissores para aplicabilidade clínica, com aposta de uso no diagnóstico e tratamento. Após um ano na Alemanha, retornei para a Unicamp, e minha defesa de Mestrado aconteceu em novembro de 2010.  

Em 2011 segui para o Doutorado, mantendo a linha acadêmica oportunizada pela formação stricto sensu. Fui orientada pelo Prof. Dr. Valdo José Dias da Silva no programa de pós-graduação em Ciências da Saúde da UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro – Uberaba-MG). Como bolsista CAPES, me dediquei exclusivamente ao Doutorado pelo período de quatro anos, desenvolvendo atividades de pesquisa e apresentando os resultados obtidos em vários eventos científicos. A minha linha de pesquisa continuou na área experimental, com ênfase em células tronco e treinamento físico. Em janeiro de 2015 ocorreu a defesa da tese e, em seguida, ingressei no pós-doutorado, na mesma universidade. Contudo, o pós doutorado foi abandonado poucos meses em função da minha aprovação no concurso para professor efetivo da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora). Em 2016 fui redistribuída para o curso de Fisioterapia da UFC e em 2019 ingressei nos programas de Pós Graduação em Ciências Cardiovasculares e Pós Graduação em Fisioterapia e Funcionalidade.

Obviamente sem a trajetória acadêmica da pós graduação stricto sensu não teria chegado a posição de docente, uma vez que o título de Doutorado é uma exigência para a maior parte dos processo de seleção de professores de instituições federais de ensino. Não posso deixar de destacar que a experiência lato sensu também foi interessante para minha formação docente, porque permitiu aproximar a academia da prática assistencial.

Assim, espero que este breve relato da minha formação acadêmica sirva para ajudar àqueles que ainda possuem dúvidas acerca do caminho a trilhar. Lato ou stricto sensu são excelentes opções, desde que escolhidas para atender adequadamente ao propósito do profissional.”

 

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Prof. Dr. Ricardo Pereira Silva

Fui aprovado no vestibular da Universidade Federal do Ceará para o curso de medicina em janeiro de 1980. Fui classificado para iniciar o curso no segundo semestre desse ano. Logo que comecei o curso de medicina, constatei que além do sonho de ser médico, outro sonho se apoderava de mim, que era o de ser professor de medicina. A especialidade da qual mais tinha interesse no início do curso médico era a psiquiatria. No quinto semestre, na disciplina de Medicina Social, tomei contato com o Prof. Adalberto Barreto, que é psiquiatra e antropólogo. Para poder trabalhar com ele, fiz o concurso para monitor dessa disciplina e fui aprovado, tendo a oportunidade de trabalhar com o referido professor durante dois anos. Terminado o período de monitoria dessa disciplina, tentei a monitoria de Clínica Médica, mas, infelizmente, não fui classificado.

Tivemos uma greve de professores durante o curso, o que nos fez perder um semestre. Dessa forma, cumpri o internato, que tinha duração de apenas um ano, no ano de 1986. Além de cumprir o internato no Hospital Universitário Walter Cantídio, havia opção de fazê-lo em mais dois hospitais do estado, um deles inclusive contava com bolsa. Nem titubeei em escolher ficar no hospital universitário. No final de 1986 fiz concurso para Residência Médica em Clínica Médica no mesmo hospital universitário e fui aprovado em 3º lugar. Foi um dos sonhos concretizados: fazer residência médica no Hospital Universitário Walter Cantídio, o que aconteceu nos anos de 1987 e 1988. No final deste ano, fiz concurso para residência em cardiologia no Instituto Dante Pazzanese, de São Paulo e fui aprovado em 1º lugar. Ao final da residência, no início de 1991, tive desempenho que me conferiu o 2º lugar entre os 24 residentes do meu ano. Com esse posto, eu poderia escolher a subespecialidade de meu maior interesse que era a ecocardiografia. O ambiente no Dante Pazzanese era o melhor possível, mas havia um problema. Essa não é uma instituição universitária e eu precisava fazer carreira acadêmica para um dia me tornar professor. Sendo assim, abdiquei do terceiro ano de residência em ecocardiografia, que tinha direito e me submeti a concurso para mestrado em cardiologia da Escola Paulista de Medicina, hoje Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP. Cursei o mestrado nessa universidade de fevereiro de 1991 a maio de 1993. Em seguida, abriu concurso para professor assistente da Faculdade de Medicina da UFC nas disciplinas de semiologia e cardiologia. Para o cargo em questão era necessário ter mestrado em medicina, o que era muito raro em Fortaleza. Dessa maneira, concorri só e fui aprovado no concurso. Mais um sonho realizado.

Achava que o mestrado era tudo o que eu queria e não ia precisar de doutorado. No entanto, pouco anos após minha entrada como professor do Departamento de Medicina Clínica, criou-se um mestrado nesse departamento e eu me informei que seria necessário o título de doutor para orientar tese. Preparei-me então para fazer o doutorado, que consegui fazer no Incor-USP, sem precisar me afastar muito das minhas atividades profissionais em Fortaleza. Defendi a tese de doutorado no dia 6 de março de 2001, no mesmo dia que morria o governador de São Paulo, Mário Covas. O meu orientador foi o Professor Ramires, professor titular de cardiologia da FM-USP e então, diretor geral do Incor. A aproximação com o referido professor foi muito importante para futuros passos na minha carreira acadêmica. Cinco dias antes da defesa da tese, eu e o Prof. Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho havíamos fundado o Instituto de Ciências Médicas Paulo Marcelo Martins Rodrigues- ICM, que teve contribuição fundamental do Professor Ramires e do Prof. Krieger, que havia sido orientador do doutorado do Dr. Carlos Roberto. Em 2006, organizei um simpósio do ICM e, nesse mesmo ano, começamos um curso de PG lato sensu em cardiologia pela mesma instituição. Este curso teve parceria com a Universidade Federal do Ceará até o ano de 2014, quando formamos oito turmas. A partir de 2015, o curso passou a acontecer em parceria com a Universidade Estadual do Ceará, ocorrendo até 2018, quando formamos a 4ª turma pela UECE.

Em 2011, criei a Residência em Cardiologia do Hospital Universitário Walter Cantídio e fui seu supervisor até 2015. O ano de 2017 foi especial para mim pois neste ano conquistei a posição de Professor Titular de Cardiologia da UFC e fui eleito membro titular da Academia Cearense de Medicina. Nossa última realização foi a montagem deste mestrado junto com vários professores, sendo a maioria deles do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFC O mestrado teve sua aula inaugural em 02.08.2019, proferida pelo Professor Ramires do Incor-USP.

 

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